FOMO: eu preciso saber de tudo!

FOMO: eu preciso saber de tudo!

Você pode nunca ter ouvido falar em FOMO, mas certamente já vivenciou ele em algum momento. Isso pois, se trata do medo de estar perdendo algo. Mais precisamente, o medo de estar por fora, de não saber de alguma novidade ou perder algo incrível e incomparável.

Lembro dessa sensação ao olhar para minha infância. Esporadicamente, quando eu faltava uma aula, tinha a sensação de ter perdido muitas coisas legais que provavelmente só aconteceram porque eu não fui, como aulas vagas, brincadeiras e coisas diferentes. Mas atualmente, com um mundo que muda tão rápido e que nos oferece todos os dias novas informações, é muito mais frequente cairmos na ideia de necessitar saber mais.

Até aí acredito estarmos seguros, mas quando nos empenhamos para saber sempre de tudo e sempre de mais, colocamos em risco a nossa saúde mental e emocional.

FOMO: dois cenários para pensarmos

A dois tipos de cenários que me parecem aflorar quando pensamos nesse assunto.

No primeiro é comum a pessoa acordar e verificar todas as notificações, abrir e-mails rapidamente para checar o que lhe enviaram, entrar nas mídias sociais, curtir as fotos, olhar o que há de novo e o que você “perdeu”. A cada pausa do trabalho ver uma oportunidade para colocar “em dia” novamente o que você “perdeu” nessas horas trabalhando. E mesmo não tendo nada novo, você continua ali. Ir a eventos e confraternizações pensando nas publicações que fará e o que atingirá. Ou seja, sua preocupação maior é com as mídias sociais e as relações entre as pessoas.

No segundo é comum a pessoa estar frequentemente conectada a canais de informação: televisões, rádios, trendtopics no twitter, jornais onlines, sites de notícias e até o nosso querido Google. Pesquisar por assuntos atuais e novas descobertas. Estar presente em todas as palestras, videochamadas e conferências a fim de não perder nada.

Podem parecer sutis ações, mas essa sensação de estar perdendo algo ou de que eu preciso saber de tudo o que está acontecendo pode te consumir. Em alguns casos, é possível até mesmo denominar isso como um vício, pelo grau de intensidade da relação com as coisas que o mantém ATUALIZADO. Além disso, esse relacionamento de medo pode estar trazendo sofrimento psicológico e afastamento social.

Reflita um pouco:

  • Você já sentiu ansiedade por estar algum tempo longe das mídias sociais ou dos canais de informação?
  • Você se percebe constantemente ativo nas mídias sociais ou em canais de informação?
  • Nas reuniões familiares ou eventos sociais você se percebe mais distante, interagindo pouco e em constante contato com o celular?
  • Já se sentiu “excluído” ou “atrasado” por não estar por dentro de um assunto?

FOMO: O FAMOSO “PRA ONTEM!”

Esse senso de urgência em estar “atualizado” muito nos diz da necessidade em torno do imediatismo. Essa cultura que nos desenvolvemos de necessitar as informações o mais rápido possível, que nos faz criar um modo de vida em que exigimos que as respostas sejam imediatas.

Essa concepção e modo de vida impactam todas as áreas da nossa vida. E nos fazem optar por processos mais rápidos, independente de oferecerem resultados mais duradouros. Um exemplo disso é a busca por profissionais da psicologia que tenham soluções rápidas. Como se o processo de autoconhecimento fosse mesmo simples assim.

E o maior impacto do imediatismo em nossas vidas, é que vivenciamos um eterno presente, ou seja, só o agora interessa. E muitas pessoas se vem sobrecarregadas desse presente, pois se já não planejamos o futuro, temos que dar conta de tudo o que queremos hoje. Em outras palavras: não nos programamos para começar um curso daqui alguns meses quando estivermos mais tranquilos na rotina. Não estabelecemos prioridades. Nós queremos ter/fazer tudo e nos atarefamos e sobrecarregamos para dar conta desse tudo. Distraídos por interrupções constantes, não sabemos mais no que devemos nos concentrar.

Rushkoff, pensador americano, usa o termo digifrenia para definir essa caos mental provocado pela necessidade de “estar” em mais de um lugar ao mesmo tempo.

CUIDADO: VOCÊ REALMENTE ESTÁ PERDENDO ALGO!

O medo de perder novas coisas faz você perder uma antiga coisa: você mesmo. Na busca incessante por estar atualizado em relação ao que ocorre no mundo externo faz você perder o que está ocorrendo no mundo interno. Seus sentimentos, suas motivações, seus desejos e sonhos se perdem na infinidade de informações que você acredita precisar.

E se não bastasse perder a si, as relações afetivas também se perdem junto. É comum nos distanciarmos socialmente quando estamos tão imersos na necessidade de saber tudo. O tempo não congela para que desfrutemos das mídias sociais ou notícias, ele continua girando e girando até você perceber que se passaram mais horas do que imaginava.

Se você tem percebido em si essa ansiedade de estar por dentro de tudo e deseja mudar a forma como lida e olha para isso, procure um profissional da psicologia.Sua saúde mental e emocional importa!

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