A dica de ouro para ser uma pessoa mais produtiva!

Algumas pessoas associam o termo “produtividade” primeiramente com a quantidade de atividades realizadas/serviços entregues. Outras adicionam fatores como tempo decorrido ou atarefamento. Outros não conseguem distinguir produtividade de termos como responsabilidade e/ou cobrança. E até mesmo, de sentimentos como sobrecarga.

Falar sobre produtividade perpassa considerar questões bem subjetivas e até mesmo sutis que vivenciamos, que estão arraigadas em nossa cultura e modo de produção. O modelo panóptico, descrito por Foucault, nos traz uma reflexão interessante para pensarmos o ser humano moderno e sua relação com a produtividade. Neste modelo, a vigilância constante de todos os lados torna-se uma grande aliada da cobrança em sermos melhores. Há sempre um “Big Brother” avaliando nossas ações.

Pode parecer meio abstrato, mas com o avanço da internet temos percebido o quanto essa vigilância constante está presente em nossas vidas. E nós a internalizamos tanto, que não é preciso ter realmente alguém nos observando e cobrando, para que nós mesmos venhamos a agir com autopunição e autocobrança.

Mas o que isso tem haver com produtividade?

Em primeiro lugar, TUDO! Esse olhar vigilante o tempo todo, inclusive de nós mesmos nos coloca cargas gigantescas em torno de ser mais produtivo. E isso em TODAS AS ÁREAS DA NOSSA VIDA. Começamos a pensar: preciso ser mais produtivo no trabalho, no amor, na família, nas amizades e no lazer. E ainda mais, eu preciso mostrar isso para certificar aos outros que estou sendo produtivo.

Quando não sabemos lidar com essas pressões, podemos encontrar grandes desafios à nossa autoestima e modo de ver o mundo. E com isso, nos tornar alguém com menos tolerância e mais ansiedade. Sem dúvidas, num mundo com constantes e rápidas mudanças, a nossa maior cobrança é interna. Queremos desenfreadamente acompanhar um mundo em alta velocidade, sem considerar se teremos fôlego para essa corrida.

O maior fator da produtividade é a quantidade?

Levando em conta as reflexões anteriores e a necessidade de cuidado pessoal em relação ao que estamos promovendo para ser produtiva, eis outra questão: o que mede a produtividade?

A quantidade é sim um fator importante para a produtividade que, no sentido mais simplista e oriundo do modelo de indústria mecanicista, é fazer mais em menos. Duas vertentes se mostram necessárias aqui: tempo e quantidade. Se seguirmos nesse sentido, ser produtivo seria então a capacidade de realizar atividades e serviços com qualidade em um período de tempo menor.

Todavia, tenho percebido uma expansão ou mudança do termo. Talvez seja necessário até empregar outra palavra ao invés de produtividade. Primeiramente porque, quando falamos de uma produtividade de “fazer menos em mais” não podemos negar que uma máquina seria então a melhor opção. E isso já tem acontecido: se a atividade desempenhada é linear e estruturado, é muito provável que em breve seja realizada por um robô. Mas quando falamos de seres humanos a questão não pode ser simplesmente “menos em mais”, como se fossemos máquinas.

O fator humano deve ser tido em conta em todo esse processo de ser uma pessoa mais produtiva.

Pense comigo, ao passo que desconsiderarmos as especificidades de cada pessoa estamos mais suscetíveis a considerar improdutivo aquele que não segue a norma. Então imagine: um peixe e um macaco tendo suas habilidades testadas através do desafio de subir uma árvore. Não há dúvidas que o peixe não conseguirá cumprir o desafio, mas será que isso indica que o peixe é inapto? Ou será que utilizamos uma régua errada para medi-lo? Precisamos considerar as pessoas e suas potencialidades ao invés de compará-las através de um medidor padrão.

Por isso, a produtividade tem ganhado a reflexão de uma capacidade de produzir em um curto período de tempo, algo com qualidade e DENTRO das possibilidades de cada pessoa. E quando consideramos isso, nós saímos do ambiente da COMPETITIVIDADE e adentramos o da COLABORAÇÃO, desenvolvendo uma produtividade saudável.

Primordialmente, nossa relação com a produtividade, muita das vezes, está arreigada em experiências ruins, sobrecarga emocional e tarefas acumuladas. Nesse sentido, é impossível afastar essa discussão da questão cultural e econômica. Isso pois, nós somos ensinados desde muito cedo a ver o mundo de forma mecanicista e segregadora.

E qual é a dica de ouro para ser uma pessoa mais produtiva?

Talvez você já tenha ouvido muito essa palavra, mas espero que você possa reconsiderar qualquer preconceito com ela. A primeira vista, de tanto se falar sobre o assunto, podemos criar na nossa mente um certo desgosto com determinadas palavras. Inclusive, essa é uma dessas palavras, que do mau uso de muitos, tornou-se desacreditada e vista de forma pejorativa. Todavia, sua importância aumenta a medida que nos permitirmos avaliar os benefícios dessa prática.

Estamos falando de AUTOCONHECIMENTO.

A verdade é que, uma lista de hábitos para se tornar uma pessoa mais produtiva pode até te ajudar em um determinado grau, mas não vai te dar o gatilho necessário para deixar de depender dela. Hábitos são criados pensando na sua rotina, no seu contexto e em quem você é. Desta forma, não é toda lista que se encaixará para você e certamente, você acabará se frustrando ainda mais de não conseguir cumprir aquilo que seria a “fórmula mágica”.

Quando você se autoconhece, você entende:

• O que te motiva e desmotiva numa atividade;
• Qual o seu melhor horário para produção de algo;
• Quais atividades despertam um lado mais criativo;
• Por onde você gosta de começar;
• O que te dá a sensação de “trabalho feito” no fim do dia;
• Quando é e quando não é um momento bom emocionalmente para tomar determinadas decisões;
• E muito, muito mais!

Por isso, conhecendo mais sobre você mesmo, você evita cair no pensamento de que precisa produzir além do que consegue naquele momento. Você aprende a se respeitar. Em outras palavras, está tudo bem não ser produtivo o dia todo, ter momentos de falta de inspiração e/ou precisar fazer uma pausa.

Não, não é um caminho fácil reconhecer e aceitar isso e não podemos desconsiderar as exigências do mundo, mas com um passo de cada vez nós podemos nos sentir mais livres em relação a produtividade.

Espero que esse conteúdo tenha lhe ajudado a buscar ser uma pessoa mais produtiva!